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Dia Internacional da Luta contra a AIDS: “Prevenir ainda é o melhor remédio”, afirma padre Mauro
30/11/2017
Pe Mauro SergioPor ocasião do VII Seminário Nacional de Incidência Política, realizado de 07 a 09 de julho de 2017, em Porto Alegre (RS), inspirados na fé e engajados no enfrentamento da epidemia da aids no país, com o tema: “Participar para garantir direitos”, iluminados pelo desafio bíblico “Onde dormirão os pobres” (Ex 23,26), padre Mauro Sergio Marçal, assessor Nacional da Pastoral da Aids da CNBB, concedeu entrevista que partilhamos nesta data de 1° de dezembro, Dia Internacional da Luta contra a AIDS.

Qual o objetivo do VII Seminário de Incidência Política, promovido pela Pastoral da Aids do Regional Sul 3 da CNBB?

O VII Seminário enfocou reflexão sobre o contexto sociopolítico que o país está passando. Foram dias de reflexão, oração e discussão diante desse panorama que estamos vivenciando. Discutimos e buscamos abrir perspectivas diante do cenário político tendo presente que a Pastoral da Aids está engajada em várias paróquias e dioceses. Do seminário participaram cerca de 90 representantes de 22 estados. Atingimos muitas pessoas de modo direto e indiretamente que tem necessidades de recursos e financiamentos que vem do Governo. [Saiu uma carta no final do seminário].

Para muitas pessoas falar de incidência política soa estranho, mas é um espaço propício de participação do cristão?

Incidência é questão de gestão e como trabalhar para garantir os nossos direitos. Não só nossos direitos, mas também os deveres. Incidência é estar cobrando saídas diante desse contexto sociopolítico e econômico que estamos vivendo. Quer dizer que nós enquanto pastoral da Igreja temos direitos e deveres. Incidência nada mais é que questionar, aprofundar e perguntar para as autoridades o que elas podem fazer diante dos nossos direitos. É uma cobrança que nós fazemos diante do governo. É um diálogo com o governo. Os nossos agentes da Pastoral da Aids em vários estados estão perguntando para o governo quando há falhas, como, por exemplo, falta de medicamentos. É buscar os direitos para a nossa população.

Qual a missão das pessoas que participaram do encontro ao retornarem para seus estados?

Participaram as lideranças regionais que compõem a coordenação nacional da Pastoral da Aids. Além de nossos agentes de pastoral foram convidadas pessoas do Ministério da Saúde. São pessoas que atuam no cuidado de pessoas com DST/Aids e hepatites virais. Juntos fizemos um grande debate para abrir perspectivas para um futuro melhor. Não só para a nossa pastoral, mas para todo o Brasil e tantas pessoas que sofrem. Quero lembrar que o tema do seminário foi: “Onde dormirão os pobres?”. Ou seja, o que vai acontecer com as pessoas mais pobres? Pessoas que necessitam de medicamentos, assistência médica. Não é só medicação, mas a dignidade, a segurança, a educação. Isso são direitos constitucionais.

A nível nacional referente aos dados de pessoas portadoras de HIV?

Os dados mostram para nós que estabilizou o número de pessoas infectadas pelo HIV, mas o índice entre os jovens continua crescendo a nível nacional. A epidemia está aí e nós ainda não conseguimos erradicá-la. O objetivo da Pastoral da Aids em parceria com o Ministério da Saúde é até 2030 acabar com a doença. Para isso precisamos dar passos concretos. É uma doença que atinge muitas pessoas apesar das informações. Precisamos conscientizar os nossos jovens e toda a população para acabar com a aids.

Parece que os jovens perderam o medo de se infectar com HIV?

A Pastoral da Aids trabalha com os jovens sempre pela prevenção. Nós trabalhamos com os valores evangélicos do amor, da fidelidade, do compromisso e da responsabilidade. O objetivo da pastoral é a conscientização pela prevenção. Prevenir ainda é o melhor remédio neste momento da epidemia da aids.

Dados apontam que aumentou entre as pessoas idosas a infecção da aids?

Na terceira idade, como nós chamamos, tem um número significativo e a pastoral tenta atingir desde os pequenos, os jovens, os adultos e a terceira idade com a prevenção. A Pastoral da Aids dentro da Igreja abrange uma grande parcela de pessoas ao perpassar todas as pastorais e trabalhamos pela conscientização da problemática existente. Temos um cuidado especial com os idosos através da Pastoral da Pessoa Idosa. Os agentes recebem formação para sensibilizar as diferentes fases da vida das pessoas. São pessoas que levam uma palavra de conforto, incentivo, dignidade e direitos garantidos pela Constituição Federal.

Como a Pastoral da Aids trata o uso de preservativo tendo em vista que no senso comum as pessoas dizem que a Igreja proíbe o uso?

A Pastoral da Aids não toca na questão do uso de preservativo porque o Ministério da Saúde faz muito bem o seu papel. O nosso papel enquanto pastoral é evangélica. Tratamos dos valores 011015-iVR1rY7vbdoMKevangélicos do amor, da castidade, da sensibilização, da conscientização da prevenção. O Ministério da Saúde faz a sua parte e nós não podemos misturar os papéis. Nós ficamos com a parte evangélica porque acreditamos e professamos nossa fé nos valores evangélicos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Para concluir, o senhor gostaria de dizer mais alguma coisa?

Gostaria de deixar uma mensagem a todos. Se você passou por alguma situação de risco, faça o teste. Ele é seguro, sigiloso e muito importante. A partir do momento que se descobre sendo soropositivo tem direito ao tratamento. A sua vida não acaba ao ser soropositivo, mas pode ser mais longa, tranquila e perfeita!

 

Entrevista realizada pelo jornalista Judinei Vanzeto,

Assessor de imprensa – Regional Sul 3 da CNBB