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Padre Eduardo em Roma: A qualificação do padre para melhor ajudar as pessoas na caminhada de fé.
20/06/2021

Tomar a Palavra de Deus como objeto de estudo foi a escolha do Padre Eduardo dos Santos de Oliveira que, desde agosto de 2019, reside em Roma. Lá ele estuda na Pontifícia Universidade Gregoriana, reconhecida mundialmente pela Igreja Católica, não só nos estudos de Teologia Bíblica, como em vários outros campos da Teologia.

 

          Padre Eduardo optou pela área de pesquisa na Teologia Bíblica, desde o seu mestrado realizado na Faculdades EST, em São Leopoldo. Nessa primeira fase dos estudos, seu foco foi o Novo Testamento, especialmente o Evangelho de Marcos. “Na ocasião, eu escolhi uma pequena passagem (Mc 8,31-33), pela qual trabalhei o primeiro anúncio da Paixão de Jesus como um projeto de humanização desenvolvido por Jesus. Esta humanização é a proposta salvífica para todas as pessoas, anunciada por Jesus na sua missão, na sua pregação”, explicou.

 

Já no doutorado, o padre Eduardo fará sua pesquisa no Antigo Testamento, uma área, que, segundo ele, sempre o fascinou. “Sempre quis me dedicar um pouco mais no Antigo Testamento e agora estou tendo essa oportunidade. Em março passado, o projeto de pesquisa do doutorado foi aprovado. Agora então é o tempo de pesquisa e de escrita da tese”, comentou.

 

 Para ele, estar em Roma é uma experiência inesperada. Inicialmente, pensou em fazer o doutorado na mesma universidade onde concluiu o mestrado. Mas Dom Ricardo o desafiou a pensar em uma outra instituição, para uma experiência mais enriquecedora. Foi então que, por meio da Diocese do Rio Grande, foi-lhe dada uma bolsa de estudos de três anos, para morar em Roma.

 

Grandes desafios – O padre tem consciência de que esses três anos não bastam para completar todo o seu doutorado. Depois que encerrar o período da bolsa, ele vai analisar com dom Ricardo se poderá permanecer em Roma ou se retorna e continua a escrever sua tese no Brasil. “Estudar na Europa nos exige bastante na área de línguas. Quando cheguei aqui, eu nem sabia falar italiano ainda. Tive que aprender italiano no primeiro mês e, em seguida, começaram as aulas de grego e hebraico, em italiano, que eu estava apenas começando a aprender. Um desafio bastante grande”, ponderou ele.

 

Mas os desafios não param por aí, pois quando se começa a fazer a pesquisa e a estudar, surgem muitos textos em francês, alemão, inglês, espanhol e italiano. “E a gente precisa dar conta de ler porque, às vezes, não tem uma tradução para uma língua que a gente compreenda de maneira mais fácil”, relatou. Independente dos desafios, a experiência é recompensadora: pela diversidade de estudantes existentes, a maioria padres e religiosos/as, mas também leigos de várias áreas do mundo. “Assim, a gente tem contato com várias culturas, vários modos de pensar, teologias e eclesiologias diversas, que dialogam dentro desse universo que é a faculdade”, apontou.

 

O padre, nascido em Santa Vitória do Palmar, considera que os desafios valem a pena, pois a pesquisa, independente do que será estudado, serve para torná-lo um ser humano melhor, um cristão melhor e também um padre mais qualificado para servir a Diocese do Rio Grande. “Eu estudo porque gostaria de me compreender melhor à luz da Palavra de Deus como ser humano, como cristão e, finalmente, poder servir melhor a nossa Diocese, como padre que ajude as pessoas a fazerem o seu caminho, a sua experiência de fé e religiosa, a sua experiência com Deus”, refletiu.

 

Atividade Pastoral – Padre Eduardo reside no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, uma comunidade presbiteral pensada para favorecer a formação permanente de presbíteros diocesanos do Brasil e de língua portuguesa. Atualmente o grupo conta com cerca de 50 padres, sendo um de Cabo Verde e os demais brasileiros. “A nossa vida tem como grande foco os estudos, mas alguns padres conseguem conciliar os estudos com a vida pastoral. No meu caso, ajudo em uma paróquia que fica um pouco longe daqui, na Região da Toscana, nos momentos de férias, na Páscoa, no Natal. Mas com a pandemia, isso acabou sendo prejudicado, pois as regiões foram bloqueadas com os lockdowns. Nesses dois anos, não trabalhei no tempo de Páscoa, porque as fronteiras estavam fechadas”, relatou.

 

Antes de ir para Roma, ele era pároco da paróquia São José, uma paróquia com muita demanda pastoral. Sozinho, era responsável por 25 comunidades. No momento, o seu trabalho é bem diferente: estudar, qualificar-se e depois voltar para o trabalho pastoral. “Evidente que isso mudou meu estilo de vida: primeiro porque estudar é a grande prioridade; segundo, não estou tão envolvido na vida pastoral; depois, o fato de não poder trabalhar implica não ter ajuda financeira da paróquia onde se presta o serviço. As pessoas pensam que, se o padre está na Europa, vive e ganha bem, está passeando, mas a realidade não é essa. O estilo de vida que a gente leva aqui é muito simples, ainda mais nesse contexto de pandemia”, considerou.

 

A pandemia, no seu entendimento, trouxe muitas mudanças no modo de ser das pessoas. “Hoje o ‘online’ acaba aproximando aqueles que estão, de fato, muito longe geograficamente; por outro lado, o distanciamento social afasta as pessoas próximas”, frisou. Ele entende que, se essa transformação no modo de nos relacionarmos também tem alterado nosso ser igreja, por outro lado, não deve alterar nossa experiência de fé e relação com Deus. “O ser humano é um ser social e nas relações é que nós nos construímos. A Igreja é comunidade. Então não podemos perder isso que é tão essencial”, alertou.

 

Além disso, destacou que é muito importante não perder a esperança. Várias pessoas estão em depressão, experimentam a falta de sentido da vida, desanimam. “Também no campo ideológico, tudo está muito polarizado e o respeito e o amor à vida foram relativizados. Mais de meio milhão de pessoas, só no Brasil, já morreram por causa do coronavírus. Isso não pode nos deixar indiferentes. Nesse sentido, a própria fé e o Senhor Jesus têm muito a nos falar. Jesus era alguém que amava viver e, como resumiu Pedro, ‘passou a vida fazendo o bem’. Tudo isso que estamos passando é uma fase, um tempo que vai ter fim e, certamente, um dia voltaremos a nos abraçar. Precisamos ter paciência e cuidar da própria vida como forma de amor pela vida dos outros”, animou Padre Eduardo.

 

Ele aproveitou para enviar um abraço a cada um que está lendo essa matéria, especialmente no ano que a Diocese está completando o seu Jubileu de Ouro. São 50 anos de evangelização, de muitos sonhos, muitas lutas, muito crescimento, não só na estrutura, como também no modo próprio rio-grandino de ser Igreja. “Que Deus possa abençoar a todos, nosso bispo Dom Ricardo, nosso bispo emérito, Dom José Mário, os nossos padres, religiosos e religiosas, todos os leigos e leigas que são engajados nessa caminhada tão bonita que é anunciar e levar Jesus Cristo a tantas pessoas que precisam Dele, que precisam do seu amor”, despediu-se.

 

Pastoral da Comunicação Diocesana