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Semana da Família na Diocese do Rio Grande faz conferência sobre Matrimônio Sacramento do Amor.
12/08/2021

 A programação da Semana Nacional da Família trouxe pela segunda vez em Rio Grande, o padre Felipe Konzen, assessor da Pastoral Familiar de Novo Hamburgo que falou sobre o “Matrimônio: Sacramento do Amor”. O Centro Pastoral estava repleto de casais que, conforme o próprio Dom Ricardo Hoepers, bispo diocesano, classificou, representam uma riqueza reunida da Diocese, fruto do belo trabalho realizado pela Pastoral Familiar e também pelos padres. Em função da pandemia, houve restrição e protocolos na participação, mas todo o evento foi transmitido nas redes sociais da Diocese, sendo que o vídeo com o material completo pode ser acessado no Youtube.

 

 Dom Ricardo, que é presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da CNBB, ao dar início à Conferência, lembrou que o tema desse ano da Semana Nacional da Família, “Alegria do Amor na Família”, quer ser a expressão da nossa experiência. Segundo ele, a alegria da família não é uma alegria qualquer, passageira ou transitória. “É a alegria que vem do alto, que permanece e sustenta”, sintetizou, apresentando o padre Felipe.

 

 Padre Konzen moldou sua reflexão a partir da Palavra do Senhor, no Evangelho de João 2, 1-11, que trata das Bodas de Caná. Para o palestrante, São João teve o privilégio de conviver com Cristo e entendia que essa novidade era como um recomeço, motivo pelo qual faz um paralelo entre o Gênesis e essa nova criação que acontece com Cristo. Como outrora, o ápice da criação se deu em Adão e Eva, agora o ápice se dá na relação de amor entre Cristo e a Igreja. “E as bodas no trecho do Evangelho começam a dar o sinal do verdadeiro matrimônio, aquele que o Senhor selou com a Igreja no alto da Cruz”, descreveu, indicando que Cristo é o esposo e Maria e os discípulos, também presentes nas bodas, são a Igreja, a esposa de Cristo.

 

 Em sua conferência, o padre frisou que, enquanto cada um faz sua experiência como pessoa, sendo homem ou sendo mulher, o matrimônio vai enriquecer com a complementaridade entre a masculinidade e a feminilidade doada por cada um. Mas, como o pecado corrompeu esse amor, nas bodas de Caná, Jesus, ao transformar água em vinho, nas talhas usadas para purificação, faz com que o matrimônio seja elevado à dignidade de um sacramento, que é a ação de Deus diretamente em algo para que dali venha a santificação. “Ou seja, aquilo que Jesus fez na água é o que Ele vai fazer no coração humano. Ele transformou a água no melhor vinho. O que significa isso? Que o amor humano, quando tocado pela graça de Deus, se transforma. E agora não é só um amor humano, é também um amor divino”, explicou.

 

 Para o padre Konzen, esse é o ponto primordial do matrimônio como sacramento do amor. “Ele é tocado pelo amor divino. Essa é a novidade do cristianismo, isto é, a medida do amor matrimonial não é mais o coração humano, agora é o coração divino. Por isso que nós amamos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossa vida”, sintetizou, resumindo que a novidade cristã neste sacramento é a totalidade de uma entrega.

 

Viver em abundância – De olho ainda nas Bodas de Caná, o conferencista enfatizou que o vinho é sinal da alegria que transborda, a mesma experiência quando se entra no matrimônio, do melhor vinho, do ágape. E, segundo ele, esse amor do matrimônio que vem do sacramento é experimentado em três lugares: na liberdade, na indissolubilidade e na fecundidade, onde é saboreado esse vinho novo, porque são lugares próprios do matrimônio católico.

 

 A liberdade, conforme ele, permite a cada um do casal decidir que quer aderir ao matrimônio, pois pela liberdade humana, a gente escolhe aquilo que condiz com o que somos. “Quando alguém se compromete com o matrimônio, aquela opção vai fazer dele um homem ou uma mulher livre porque foi criado para amar e ser amado. E é uma liberdade que se renova no coração diariamente”, frisou.

 

 Além disso, padre Konzen afirmou que o amor é para sempre, embora estejamos numa época, como diz o Papa, da cultura do provisório. Isso porque o coração quer esse “para sempre” de quando se apaixona e o matrimônio dá essa graça. O matrimônio como sacramento garante que não está sustentado apenas no sentimento do coração humano, mas, sim, numa aliança que o Senhor fez conosco. “Então existe um vínculo indissolúvel que é sustentado na entrega total do Senhor na cruz por cada um de nós. Ou seja, não vem de nós, vem do Senhor”, explanou.

 

 O terceiro sabor do vinho novo está nos filhos, que vem da fecundidade. Embora a revolução sexual, enaltecendo o prazer pelo prazer, tenha trazido uma mentalidade contraceptiva, padre Konzen lembrou que o grande dom de um casal é dar a alguém a graça de viver. “Os filhos são frutos maduros do amor e um dom divino. É a alegria da vida”, enfatizou, alertando que os filhos devem ser educados na lei e nos valores do Cristo e da Igreja. Se a fé foi passada de geração em geração e de família em família, para ele, é isso que os pais devem fazer: educar seus filhos na fé. “Se a gente não honra e ama a quem nos dá a vida, pai e mãe, como vamos amar o Deus da vida”, ponderou.

 

 Padre Felipe Konzen concluiu seu momento de formação, sugerindo um exercício aos esposos e esposas, ao longo de suas vidas matrimoniais. Como nas seis talhas de purificação, onde a água se transformou em vinho nas Bodas de Caná, que os casais, a cada mês, possam sentar e se proponham a encher a talha de água da paciência e do amor que não é invejoso, tentando ser mais paciente naquele período. Em uma próxima vez, a encher a talha do amor que tudo crê e perdoa. “E assim por diante, que possamos, de verdade, colocar nosso coração diante do Senhor”, concluiu, até o matrimônio se tornar aquele vinho abundante e saboroso.

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