Reflexões

Título de Cidadão Rio-Grandino: Agradecimento de Dom Ricardo Hoepers em nome dos homenageados

Solenidade de entrega dos Títulos de Cidadão Rio-Grandino e Medalhas de Mérito Comunitário de 2017 – Câmara Municipal do Rio Grande

21 de dezembro de 2017

 

Agradecimento de Dom Ricardo Hoepers em nome dos homenageados

 

 

Senhoras e Senhores, boa noite!

 

Que grande responsabilidade me foi confiada de estar aqui e agradecer em nome dos homenageados. Então em primeiro lugar quero cumprir esse objetivo: Muito Obrigado a todos os vereadores pelo gesto de consideração, acolhida e reconhecimento para com todos nós que recebemos hoje o título de cidadão riograndino e medalha ao mérito.

Permitam-me contar uma história que mesmo os que já conhecem, vale a pena relembrá-la.

 

A ùltima corda

Era uma vez um grande violinista chamado Paganini. Alguns diziam que ele era muito estranho. Outros, que era sobrenatural. As notas mágicas que saíam de seu violino tinham um som diferente, por isso ninguém queria perder a oportunidade de ver seu espetáculo.

Numa certa noite, o palco de um auditório repleto de admiradores estava preparado para recebê-lo. A orquestra entrou e foi aplaudida. O maestro foi ovacionado. Mas quando a figura de Paganini surgiu, triunfante, o público delirou. Paganini coloca seu violino no ombro e o que se assiste a seguir é indescritível. Breves e semibreves, fusas e semifusas, colcheias e semicolcheias parecem ter asas e voar com o toque daqueles dedos encantados.

De repente, um som estranho interrompe o devaneio da plateia. Uma das cordas do violino de Paganini arrebenta. O maestro parou. A orquestra parou. O público parou.

Mas Paganini não parou.

Olhando para sua partitura, ele continua a tirar sons deliciosos de um violino com problemas. O maestro e a orquestra, empolgados, voltam a tocar. Mal o público se acalmou quando, de repente, um outro som perturbador derruba a atenção dos assistentes. Uma outra corda do violino de Paganini se rompe. O maestro parou de novo. A orquestra parou de novo.

Paganini não parou.

Como se nada tivesse acontecido, ele esqueceu as dificuldades e avançou, tirando sons do impossível. O maestro e a orquestra, impressionados voltam a tocar. Mas o público não poderia imaginar o que iria acontecer a seguir. Todas as pessoas, pasmas, gritaram OOHHH! Que ecoou pela abobada daquele auditório. Uma terceira corda do violino de Paganini se quebra. O maestro para. A orquestra para. A respiração do público para.

Mas Paganini não para.

Como se fosse um contorcionista musical, ele tira todos os sons da única corda que sobrara daquele violino destruído. Nenhuma nota foi esquecida. O maestro empolgado se anima. A orquestra se motiva. O público parte do silêncio para a euforia, da inércia para o delírio.

Paganini cumpre o objetivo a que se propôs naquela noite: tocar até o fim a música.

Somos naturais de pelo menos 16 cidades diferentes aqui citadas, incluindo os que já são rio-grandinos. Representamos as mais diferentes áreas do conhecimento. Atuamos nos mais diversos ramos profissionais. A diversidade de dons e talentos se juntam para somar forças para essa cidade. Cada um com sua paixão, seja no seu time de futebol ou na sua tradição. Cada história construída com suor e sacrifícios, acompanhada dos amigos e da família a qual pertencemos. Cada um com sua fé, sua crença ou suas convicções pessoais. Portanto nesse mapa de diferenças parece difícil encontrarmos um denominador comum... e, por isso,  apresentei essa história.

O que temos em comum, caras amigas e amigos não é a marca do violino, não é a capacidade de tocar melhor ou pior, não se trata da história mais tensa ou mais feliz; o que temos em comum não está relacionado ao público que nos aplaude ou nos vaia;

Hoje nossos olhos se encontram com nossa própria consciência, na raiz da nossa história e nos ensina que o que temos de mais belo não está no nosso curriculum, mas sim do que fazemos dele.  O valor de Paganini não estava no seu instrumento que ao final ficou com uma corda só, mas sim na sua capacidade de, mesmo no seu limite, não desistir do seu objetivo: tocar até o fim.

Desejo que todos nós possamos continuar a escrever nossas biografias compondo uma bela sinfonia. Cada um fazendo a sua parte tornando nossa cidade mais harmônica e feliz.  Que ninguém desista de seus objetivos e de seus ideais e, todos juntos, possamos colaborar por um mundo melhor onde prevaleça o bem a e paz.

Desejo um Santo e Feliz Natal e que Deus abençoe a todos.